Blutaparon portulacoides (St - hil) Mears


 

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Foto 1 - Blutaparon portulacoides - Hábito da planta em seu ambiente natural e detalhe da inflorescência - Foto: Elton Colares

 


CARACTERÍSTICAS


 

Nome popular: capotiragua, pirixi

 

Família: Amaranthaceae (Souza e Lorenzi, 2008).

 

Distribuição: Costa litorânea, desde o Ceará (Brasil) até a Argentina.

 

Caracterização morfológica e ecológica:

 

Erva perene, psamófita, xerófita e halófita facultativa, rizomatosa, rasteira. Raiz pivotante, da qual partem raízes horizontais, atingindo até 1m de compr., destas partem varias outras ramificações. Brotos vermelho-escuros ocorrem em ramificações superficiais, pela presença de antocianina, que pode atuar como bloqueador da radiação ultravioleta (Cordazzo et al., 2006). Folhas lineares até lanceoladas (4-6 cm compr.) e suculentas.

 

Floresce praticamente o ano todo, sendo mais intenso de outubro a dezembro, às vezes com alternância bastante regular de tufos floridos e não-floridos. Na primavera e verão o crescimento de folhas, rizomas e raízes é mais intenso, devido a possível correlação com fotoperíodo e temperatura (Cordazzo et al., 2006).

 

As sementes podem se dispersar tanto pelo vento quanto pela água e tem grande capacidade germinativa, podendo germinar sobre uma grande gama de situações estressantes, como a variação de temperatura e salinidade (Cordazzo et al., 2006).

 

Blutaparon portulacoides é uma planta característica do pós-praia, devido a sua capacidade de suportar os mais diferentes estresses característicos desse ambiente, como: ação de ondas de ressacas, borrifo marinho, vento, movimentação de areia e grandes variações de temperatura (Cordazzo et al., 2006). Desta forma, torna-se pioneira nas dunas insipientes (formadas pelo acumulo de areia seca da praia, transportada pelo vento e fixadas pelas suas raízes, hastes e folhas), que atuam como o primeiro obstáculo contra as ressacas do mar (Cordazzo e Seeliger, 1995). Além disso,tem grande plasticidade fenotípica em relação à mudança dos teores salinos do solo. Variações estas que induzem as alterações anatomo-morfológicas, adequando a planta a novas situações.

 

As suas folhas servem de alimento para pequenos roedores, lagartas de mariposas, larvas de moscas e também como habitat para lagartixas. Na medicina popular é utilizada para combater a leucorréia (Cordazzo et al., 2006).

 

As folhas são o principal órgão fotossintético (Taiz e Zeiger, 2002). Pelo fato desta ser o órgão primário de síntese, é o que apresenta maior plasticidade e o que mais responde, estruturalmente, às variações impostas pelo meio (Smith et al., 1997). Devido a suculência de suas folhas, característica adaptativa ao ambiente em que vive, esta espécie é muito empregada em aulas práticas para estudo dos tecidos vegetais.

 

Caracterização anatômica foliar:

 

A lâmina foliar é epiestomática, com epiderme unisseriada (ST) e cutícula delgada (proteção das excessivas taxas de evaporação). As células epidérmicas são volumosas e retangulares e tricomas tectores e cristais ausentes.

 

No mesofilo foliar identifica-se substâncias fenólicas, drusas, e a síndrome Kranz (permite crescimento em condições de altas temperaturas e baixa disponibilidade de água). As células do clorênquima têm paredes extremamente delgadas e se dispõem exclusivamente em torno da endoderme (esta tem células com paredes espessadas, não lignificadas e clorofiladas).

 

O parênquima aqüífero, aclorofilado e muito desenvolvido, apresenta células de paredes finas, ocupando mais de 2/3 da espessura da folha, voltado para face abaxial da lâmina.

 

O sistema vascular é formado por feixes condutores do tipo colateral e situa-se nas proximidades da face adaxial.


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